Vivemos em um mundo onde o consumismo exagerado tomou conta de todos os meios de comunicação. Frequentemente somos bombardeados pela mídia com a informação implícita de que “vale mais quem tem mais”.
Muitas vezes compramos alguma coisa não por necessidade, mas sim para suprir uma carência emocional que nem nós mesmos sabemos qual é.
Se falamos de carro, o importado e mais caro certamente vai chamar mais atenção nas ruas da cidade. Se queremos um celular, não basta ser um aparelho que faça ligações, tem que ser um Smartphone, sinônimo de status e poder.
Mas, e no universo canino? Como isso funciona?
Levando-se em consideração que cachorro não é – pelo menos não deveria ser – símbolo de status e nem “algo que você compra” para matar uma ansiedade temporária e depois joga fora, devemos pensar muito bem antes de comprar ou adotar um filhote.
E se realmente você tem esse desejo de ter um cãozinho, pense: qual é a raça que melhor se adaptaria à sua rotina de vida? Existe uma infinidade de raças, uma mais especial que a outra. São lindos, carinhosos, companheiros e fiéis. Você vai achar um “sob medida” para a sua vida.
Quem escolhe um Buldogue Francês, um Pug, um York, Labrador, Pitbull ou um Maltês, terá amor incondicional, sem dúvida alguma. Deles e de outros tantos que têm raça e têm pedigree.
Mas, e se você em vez de comprar um cão resolver adotar um vira-lata? Ele não terá pedigree… Mas isso importa?
Não tenha dúvidas: o amor incondicional é igual em qualquer raça canina – e também naqueles animaizinhos ditos “sem raça”.
Por isso eu gosto tanto dos cães. Eles não precisam “mostrar algo” a ninguém, como aquele indivíduo que só se sente “alguma coisa” porque tem um diploma de “mestrado” ou “doutorado”.
A importância dos cães está escrita no DNA da espécie e corre pelas veias de todos os cachorros. O chamado “bom caráter”, que infelizmente falta a tantos humanos, sobra na espécie canina.
Os buldogues não se sentem “mais importantes” que os vira-latas. De fato, eles não têm consciência disso, mas mesmo se tivessem tão pouco se sentiriam dessa maneira. Eles não se preocupam com “coisas pequenas”, que são próprias de nós, seres humanos.
Você já imaginou um York, no “alto de seus 10 centímetros”, dizendo para um vira-lata: “Olha só, esse é o meu pedigree. Meus pais tinham muitos títulos, pois eram campeões de todas as competições. O canil de onde eu vim fica na Inglaterra. Sou famoso desde filhotinho”. Não… Não dá para imaginar, porque simplesmente não aconteceria jamais.
Tudo bem que os pequenininhos “se acham” grandões e quando latem imaginam aterrorizar todas as pessoas. Mas nenhum deles, grande ou pequeno, caro e com excelente pedigree, por mais que tivesse consciência das coisas, cometeria a indecência de “esnobar” o amigo vira-lata. Isso não faz parte do mundo canino. Eles nunca compreenderiam a inveja, a ganância e a arrogância.
Os cães vivem no presente, não guardam rancor, não se preocupam com o que passou e nem com o futuro. E essa é mais uma grande lição que eles têm para nos ensinar.
Outra grande lição para aprendermos com os cães: quando temos amor no coração, não fazemos distinções da cor da pele, nem da sexualidade, muito menos se a pessoa tem ou não dinheiro.
Nossos amigos vira-latas são lindos, inteligentes, fortes, especiais e às vezes, até mais espertos que os de raça pura.
Ah, e eu os chamo de “vira-lata” pois sei que eles não se importam e nem se ofendem por não serem chamados de “Cães Sem Raça Definida”. São cães, acima de tudo.
E se são cães, vale a pena levar para casa. Com ou sem pedigree!
Alguém duvida?
Geórgia Maia.
Escritora e apaixonada por animais.